quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Sexta Feira, dia 28 de Dezembro de 2007- REFLEXÃO DO DIA




Evangelho segundo S. Mateus
2,13-18.


Depois de partirem, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar.»
E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto,
permanecendo ali até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho.
Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o seu território, da idade de dois anos para baixo, conforme o tempo que, diligentemente, tinha inquirido dos magos.
Cumpriu-se, então, o que o profeta Jeremias dissera:
Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande pranto: É Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem.

Santo Quodvultdeus, bispo em Cartago de 437 a 453
Sermão 2 sobre o Credo


Filhos e testemunhas de Cristo


Por que tens medo, Herodes, de ouvir dizer que nasceu um rei? Ele não veio destronar-te, veio vencer o demónio. Mas tu não compreendes que assim é, tens medo e enfureces-te. Para matares a criança que procuras, tornas-te o cruel assassino de um grande número de infantes. Nada te detém, nem o amor das mães lavadas em lágrimas, nem o luto dos pais que choram os seus filhos, nem os gritos e os gemidos das próprias crianças. Massacras o corpo destes pequenos porque o medo te mata o coração. E julgas que, se conseguires realizar os teus objectivos, viverás muito tempo, quando é a própria vida que procuras matar. Aquele que é a fonte da graça, que é simultaneamente pequeno e grande, que está deitado numa manjedoura, faz tremer o trono onde te sentas. Através de ti, Ele realiza os Seus desígnios, mas realiza-os apesar de ti. Ele acolhe os filhos dos Seus inimigos e faz deles Seus filhos de adopção.

Esses pequenos morrem por Cristo sem o saberem; é a morte de mártires que seus pais choram. Quando ainda nem sabiam falar, Cristo tornou-os capazes de serem Suas testemunhas. Eis como reina este Rei, que opera já a libertação, que já dá a salvação. Tu, porém, Herodes, ignoras tudo isso; tu assustas-te e enfureces-te. E, irando-te contra uma criança pequena, colocas-te já ao Seu serviço sem o saberes.

Que grande é o dom da graça! Por que méritos conquistaram estas crianças a vitória? Ainda não sabem falar, e já confessam a Cristo. Sendo ainda fisicamente incapazes de empreender o combate, conquistam já a palma da vitória.

Sexta Feira, dia 28 de Dezembro de 2007- SANTO DO DIA

SANTOS INOCENTE, MÁRTIRES, SÉC. I


A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: "Quem perder a vida por amor a mim há-de encontrará-la." Para eles a liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio: "Salvé, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo persseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas! Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa."
O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: "Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganadom ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem."
A origem desta festa é muito antiga. Aparece já no calendário cartaginês do século IV e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino. Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a celebração tem um carácter jubiloso e não mais de luto, como o era antigamente, e isto em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam nestas circunstâncias a festa dos meninos do coro e do serviço do altar. Entre as curiosas manifestações temos aquela de fazer descer os cónegos dos seus lugares ao canto do versículo: "Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes."
Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cónegos, dirigiam todo o ofício do dia. A nova liturgia, embora não querendo ressaltar o carácter folclórico que este dia teve no curso da história, quis manter esta celebração, elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da festa do Natal. Assim colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua pertença a Cristo.