segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Terça-feira, dia 25 de Dezembro de 2007

HOJE A IGREJA CELEBRA: NATAL DO SENHOR


Evangelho segundo S. João 1,1-18.


No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.
No princípio Ele estava em Deus.
Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência.
Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens.
A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.
Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele.
Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.
O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: 'O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.'»
Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças.
É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo.
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer.



1º Sermão para a Natividade

Beato Guerric d’Igny (c.1080-1157), abade cisterciense

«Eis o sinal que vos é dado: um recém-nascido […] deitado numa manjedoura (Lc 2,12)»


«Um menino nasceu para nós» (Is 9,5). E o Deus de majestade, aniquilando-se a si próprio (Fl 2,7) tornou-se semelhante ao corpo terrestre dos mortais, nele se assumindo na frágil e tenra idade das crianças […]. Ó santa e doce infância, que restitui ao homem a verdadeira inocência! Por ti todos os homens podem voltar a uma beata infância (Mt 18,3) e ser conformes ao Menino Deus, não pela pequenez dos membros, mas pela humildade do coração e doçura dos hábitos […].

Que te sirva de exemplo: Deus, sendo o maior, quis tornar-se no mais humilde e mais pequeno de todos. Para Ele era ainda bem pouco ficar abaixo dos anjos, ao tomar a condição da natureza mortal; teve pois de fazer-se mais pequeno que os homens, assumindo a idade e a fragilidade de uma criança. Que o homem pio e humilde a isto preste atenção, e em tal encontre motivo de felicidade. Que o homem ímpio e orgulhoso a isto preste atenção, e com tal se espante. Vejam o Deus infinito feito menino, um pequenino que devemos adorar […].

Nesta primeira manifestação aos mortais, Deus prefere mostrar-se com os traços de uma pequena criança, suscitando, nessa aparência, mais amor que temor. E, como vem para salvar e não para julgar, ele demonstra assim o que o amor poderá suscitar, remetendo para depois o que poderá inspirar o temor. Aproximemo-nos portanto com toda a confiança do trono da sua graça (He 4,16), nós que trememos só de pensar nesse trono de glória. Nada de terrível nem de severo há aqui a temer. Pelo contrário, tudo é bondade e doçura, que nos inspiram confiança. Não há, em verdade, coisa mais fácil de pacificar que o coração desta criança; Ele precede-te nas oferendas de paz e de satisfação e é o primeiro a enviar-te mensageiros de paz para te encorajar à reconciliação, a ti, que és culpado. Basta-te querer, e querer com verdade e de forma perfeita. Ele dar-te-á não apenas o perdão, mas cumular-te-á de graça. Mais ainda: certo de não ser ganho pequeno ter encontrado a ovelha perdida, celebrará uma festa com os seus anjos (Lc 15,7).


Sugestões para a homilia

Natal, um grande dom

Sem «salvadores» não há Salvador


Natal, um grande dom

Natal é uma palavra que se está a tornar ambígua. Nem todos a entendemos da mesma maneira. E, cada ano que passa, pode ficar mais confusa pela publicidade, pelos interesses comerciais e pela indiferença religiosa. Por isso, os cristãos temos que definir e valorizar o sentido desta festa.

O Natal tem de ser para os cristãos um grande dom. Celebramos a entrega de Deus, entrega que é total e para sempre. Oferece-Se a Si mesmo por meio de Jesus. «Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3, 16).

Jesus é uma dádiva de primeiríssima qualidade, a pessoa ideal por meio da qual Deus nos salva desde dentro da própria história. É a referência que nos deu para contrastar com o que somos e fazemos. Jesus é o homem novo, Aquele que passou toda a sua vida a fazer o bem.

Por isso, o Natal cristão faz-nos recordar e actualizar um pormenor importante: Deus quer estar connosco terra a terra, como companheiro de rua e de caminhos. Ele já veio e deixou a história fecundada com a sua semente. Já ninguém poderá apagar a sua presença. Já ninguém poderá eliminar o seu Evangelho. A vinda de Deus ao mundo como Redentor é o acontecimento de maior impacto que a história já alguma vez registou.

Sem «salvadores» não há Salvador

No fundo, toda a criatura humana precisa de encontrar-se com Ele.

O Natal é abrir o nosso coração, a fim de que a Palavra de Deus faça a sua morada no interior de cada um de nós, na nossa casa, no meio dos nossos vizinhos, no meio da nossa terra... É criar condições para acolher mais e melhor a presença de Deus e do seu Evangelho. Deus chega à nossa porta e toca a campainha.

Quer visitar-nos em pessoa. Mas Jesus não pode ser Salvador de nada nem de ninguém, se colocarmos o nosso interesse e a nossa confiança noutros «salvadores», como o dinheiro, o prazer, o prestígio...

O Natal cristão só se explica por amor: um amor extraordinário, indizível, sem limites, quase louco... Deus entrega-nos a sua divindade e recebe a nossa humanidade para Se colocar ao nosso serviço. Que maravilhosa iniciativa!

A nossa resposta, no entanto, deixou muito a desejar. Muitas vezes fomos renitentes à salvação. Não permitimos que Deus entrasse até ao mais íntimo recanto das nossas vidas. Por isso, foi custoso para Jesus desde o início. Fecharam-se-Lhe todas as portas. Teve que nascer fora da povoação, no meio de animais. Veio com toda a sua boa vontade, cheio de verdade, de vida, de luz, de solidariedade..., mas não foi recebido por muita gente: «A Palavra era a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a receberam... Veio para o que era seu, e os seus não O acolheram» (Jo 1, 4-5).

Também hoje nos custa aceitar e acolher Jesus. Julgamo-nos cristãos, mas não pomos a vida ao serviço do Reino de Deus, como Ele fez. Mesmo assim, o Natal é provocação e convicção de que aquilo que Deus fez por meio de Jesus também nós o podemos continuar a fazer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Fernando, tudo bem?
Me chamo Alexandre e também sou seminarista. Caso queira, me add no msn: alemac19@yahoo.com.br