sábado, 22 de dezembro de 2007

Tony Blair se converte ao catolicismo e põe fim a anos de especulações


Tony Blair se converte ao catolicismo e põe fim a anos de especulações




Emilia Pérez
Londres, 22 dez (EFE).- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido
Tony Blair, atual enviado especial para o Oriente Médio do Quarteto
de Madri (Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia), se
converteu ao catolicismo, a mesma religião de sua esposa, Cherie, e
de seus filhos.

Blair, conhecido por suas fortes crenças religiosas, abandonou o
anglicanismo e foi recebido em sua nova fé pelo presidente da
Conferência dos Bispos da Inglaterra e do País de Gales, o cardeal
Cormac Murphy-O'Connor, em missa celebrada na noite da última
sexta-feira, na capela da residência oficial do religioso.

Murphy-O'Connor, que também é arcebispo de Westminster, disse em
comunicado estar "muito contente por dar a Tony Blair as boas-vindas
à Igreja Católica".

Ainda de acordo com o mesmo comunicado, o cardeal disse que,
durante muito tempo, Blair assistiu "à missa com sua família como um
fiel", e que o ex-primeiro-ministro participou nos últimos meses de
"um programa de formação" a fim de se preparar para este momento.

Blair, que foi substituído na chefia do Governo britânico em
junho por Gordon Brown, recebeu a preparação doutrinal e espiritual
do monsenhor Mark O'Toole, secretário pessoal de Murphy-O'Connor.

O desejo de Blair de se converter ao catolicismo foi um "segredo"
escondido durante anos, alvo de especulações toda vez que o
ex-primeiro-ministro comparecia a missas católicas junto com sua
família.

Segundo a imprensa britânica, a conversão de Blair não ocorreu
durante os dez anos em que ocupou o cargo de primeiro-ministro
porque isso provavelmente criaria um conflito com a Igreja
Anglicana, já que é o chefe de Governo quem elege os bispos desta
religião.

Embora a lei do Reino Unido não proíba que um primeiro-ministro
seja católico, o cargo nunca foi ocupado por um político dessa
religião.

Apenas o rei ou a rainha da Inglaterra, como chefes da Igreja
Anglicana, e seus cônjuges não podem ser católicos em virtude de uma
lei aprovada após a chamada Revolução Gloriosa, que derrubou o
último rei católico do país, James II, em 1688.

Os rumores e conjecturas sobre a conversão de Blair ao
catolicismo aumentaram muito no final de seu mandato e marcaram sua
reunião com o Papa Bento XVI em junho passado, poucos dias antes de
deixar o poder.

Segundo a imprensa britânica, Blair via nessa visita uma
oportunidade perfeita para fazer esse anúncio histórico, mas foi
dissuadido pelo cardeal Murphy-O'Connor, que o acompanhou ao
Vaticano.

Segundo uma edição de novembro do jornal "The Sunday Telegraph",
Murphy-O'Connor convenceu Blair de que seria pouco sensato
aproveitar uma ocasião de tanta repercussão internacional para
anunciar algo tão privado, e recomendou a ele para que esperasse o
fim de seu mandato como chefe de Governo do Reino Unido.

O ex-primeiro-ministro, reticente a falar de suas crenças durante
o tempo em que ocupou este cargo, admitiu em um programa transmitido
recentemente pela emissora de televisão "BBC" que tem "uma profunda
fé religiosa" que lhe deu forças durante seus anos no poder.

A decisão de Blair foi recebida hoje com mal-estar por alguns
grupos católicos, que lembraram que seus Governos aprovaram
políticas opostas aos princípios da Igreja Católica, como as
pesquisas com células-tronco e o direito dos homossexuais à adoção
de crianças.

Além disso, durante seu período à frente do Governo, o
ex-primeiro-ministro não restringiu as leis sobre aborto no Reino
Unido e decidiu atacar o Iraque, em um claro desafio à postura do
Vaticano.

Tanto o porta-voz oficial de Blair quanto o de Downing Street,
residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido, se recusaram
a fazer declarações a respeito da conversão por considerarem que se
trata de um assunto privado.

A imprensa britânica destacou hoje que o anúncio da esperada
conversão de Blair ao catolicismo foi divulgado no mesmo dia em que
uma carta sua ao ex-procurador-geral do Reino Unido, na qual
expressava sua preocupação com uma investigação sobre as relações
entre a British Aerospace Systems e a Arábia Saudita.

A carta é de alguns dias antes de a investigação ter sido
suspensa pelo Governo de Blair, uma das últimas decisões do
ex-primeiro-ministro e uma das que mais gerou críticas.

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